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quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Tudo Igual


Sigo na rodovia, 60 km por hora, bem devagar, pista vazia, uma neblina suave e um nascer do sol que parece ser só meu. São quase seis horas da manhã, Into my arms do Nick Cave toca baixo. Um gole é válido, desce macio e reanima .

Estradinha de terra, finalmente a natureza e o cheiro da grama. Enfim conheço o outro lado disso tudo. Por incrível que pareça, mergulho na água gelada da cachoeira, e fico um bom tempo debaixo da cascata, lavando a alma, espantando demônios.

A água parece cantar algo que sei a letra, e um cheiro doce toma conta do ar. Algo dentro de mim não cabe mais em meu corpo e sinto uma angústia ao pensar no apaixonado que dormiu um ano sobre o túmulo de sua amada.

Durmo um pouco na grama, volto pro carro, outro gole. Tanto faz pra onde ir, tudo está dentro de mim e não há como fugir. Queria seguir por aí, mas volto pra casa. Apago todas as luzes e sento na varanda, um trago no Marlboro, Nick Cave cantando, olhar perdido. Resolvo dormir, pra esquecer e acordar sem pensar em nada, fingir que tudo passou.

Trabalho, página virada, nada aconteceu, mas não adianta. Em outra noite qualquer acordo assustado e não é você que está aqui. Tudo continua igual, não vai mudar.

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