Protect me from what i want

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domingo, 26 de setembro de 2010

sobretudo agora

Às vezes, principalmente nos domingos, sobretudo agora, plena primavera, chuva fraca, vento fresco, me surpreendo melancólico nessas noites, com o cigarro na mão trêmula, com vontade de chorar. Coloco uma música triste. Choro quando consigo. Solidão. Não tenho pena de mim, não acho que deva ter, mas nessas noites sinto falta do amor.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Tudo Igual


Sigo na rodovia, 60 km por hora, bem devagar, pista vazia, uma neblina suave e um nascer do sol que parece ser só meu. São quase seis horas da manhã, Into my arms do Nick Cave toca baixo. Um gole é válido, desce macio e reanima .

Estradinha de terra, finalmente a natureza e o cheiro da grama. Enfim conheço o outro lado disso tudo. Por incrível que pareça, mergulho na água gelada da cachoeira, e fico um bom tempo debaixo da cascata, lavando a alma, espantando demônios.

A água parece cantar algo que sei a letra, e um cheiro doce toma conta do ar. Algo dentro de mim não cabe mais em meu corpo e sinto uma angústia ao pensar no apaixonado que dormiu um ano sobre o túmulo de sua amada.

Durmo um pouco na grama, volto pro carro, outro gole. Tanto faz pra onde ir, tudo está dentro de mim e não há como fugir. Queria seguir por aí, mas volto pra casa. Apago todas as luzes e sento na varanda, um trago no Marlboro, Nick Cave cantando, olhar perdido. Resolvo dormir, pra esquecer e acordar sem pensar em nada, fingir que tudo passou.

Trabalho, página virada, nada aconteceu, mas não adianta. Em outra noite qualquer acordo assustado e não é você que está aqui. Tudo continua igual, não vai mudar.